segunda-feira, 6 de junho de 2011

DÍZIMOS

I. CONCEITUAÇÃO: É a décima parte das rendas, consagrada ao SENHOR ( cf. o dicionário da Bíblia, John Davis, pág. 164 ).
Dizimar, então, significa entregar (consagrar) a Deus, a décima parte dos rendimentos. 


II. HISTÓRICO: leia, com atenção o capítulo 14 de Gênesis, cuja síntese encontra-se na parte final do versículo 20: “e de tudo lhe deu Abrão o dízimo”. Quem recebeu esse dízimo foi Melquisedeque, rei de Salém (mais tarde denominada Jerusalém) aqui denominado sacerdote do Deus Altíssimo. É interessante observar que o dízimo “nasceu” antes da FÉ ( ! ), uma vez que, somente no capítulo seguinte, aparece, pela primeira vez na Bíblia o conceito de fé : “E (Abrão) creu no SENHOR e isso lhe foi Imputado para justiça”. (Gn. 15 : 6 ). 


III. O DÍZIMO, FATOR DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: revendo a história do povo de Deus, no Antigo Testamento, descobrimos, entre os mandamentos da Lei uma cláusula determinando que a décima parte de toda a renda de cada pessoa física, PERTENCE a Deus. (Lv. 27 : 30 ) e outra interessante disposição da mesma Lei: se alguém quisesse reter essa décima parte, poderia comprá-la, desde que, ao seu valor de mercado acrescentasse 20%, isto é, o quinto desse valor. (Lv. 27 : 31 ) E daí, pode-se perguntar : e qual era o destino desse dízimo?


Naquele tempo, o sustento de uma população provinha do cultivo da terra; Ora, a ocupação, pelos israelitas da TERRA prometida, se deu por uma criteriosa distribuição entre as suas tribos, mas com uma exceção: a tribo de Levi. Seus componentes não receberam herança, isto é, uma parte em terras como as demais, (a não ser pequenas hortas em torno de suas moradias) mas tiveram a seu encargo, todo o serviço religioso, bem como a respectiva responsabilidade sacerdotal. Por isso Deus determinou que o produto dos dízimos das outras tribos seria entregue aos levitas, garantindo assim o seu sustento. (Cf. Nm. 18 : 21, 23, 24 e 31). Assim eles não ficariam desamparados!! (Cf. Dt. 12 : 19 e 14 : 27).


CONCLUSÃO: se aceitamos a Bíblia como nossa regra de fé, já podemos concluir:
   1º) A décima parte de nossa renda PERTENCE a Deus.
   2º) A aplicação principal desse dízimo é o sustento de nossos irmãos destituídos de renda própria para esse fim.




IV. PESOS E MEDIDAS NO REINO DE DEUS:
Descobrimos na Bíblia que, os pesos e medidas, no reino de Deus, não são considerados, por seus valores absolutos e sim tomados por seus valores relativos. Alguns exemplos: em Mt. 20:1-16 em que um denário estaria pagando um dia de serviço como também 9h, 6h, 3h ou mesmo apenas 1h de trabalho. Assim temos: 9=6=3=1 (!?). E na parábola dos talentos, cf. MT. 25:14-30, em cujo relato, levando em conta a retribuição pelo serviço prestado, 5=2 e 1=0 (!?). Vejamos, agora o caso da viúva pobre: cf. Mc. 12:41-44, um quadrante, correspondente a duas pequenas moedas, vale mais do que grandes quantias; nessa medida o Senhor foi ainda mais expressivo: 2=100% (isto é, TUDO) !! cf. Lc. 15:07, 1 vale mais do que 99 (!?).

Consideremos, agora, um caso concreto que possa ocorrer em uma igreja: “A” ganha, por mês, 1.000 e “B” 6.000 reais. No caso de serem ambos dizimistas, o primeiro entrega 100 e o outro 600 reais. Nenhum deles contribuiu mais, nem menos do que o outro, porque na matemática do reino de Deus, 100=600 (!!). Percebemos que o dízimo obedece ao princípio bíblico da equivalência de valores, não pela sua igualdade, mas pela sua proporcionalidade (!!). E o que é mais importante, incute no cristão a firmesa de que a Bíblia é, de fato a sua regra de fé.

V.CORRIGINDO A NOSSA TERMINOLOGIA:
E se, pela nossa regra de fé, cremos que O DÍZIMO É DO SENHOR, devemos expressar corretamente: entregar ao invés de dar o dízimo. Outra coisa: dízimo não é oferta.

Podemos dizer que oferta é toda e qualquer contribuição voluntária para a obra de Deus, além do dízimo. Pois o dízimo já é do SENHOR.

E a quem entregar o dízimo ?                             

VI. A QUEM ENTREGAR OS DÍZIMOS ?
Para responder, vamo-nos reportar ao capítulo 14 de Gênesis. Abrão, (seu nome ainda não havia sido mudado para Abraão) voltava de uma guerra na qual obteve estrondosa vitória: com apenas 318 trabalhadores de sua propriedade agrícola, sem nenhum preparo militar, venceu a poderosa confederação de quatro reis, chefiados por Quedorlaomer, rei de Elão. Trouxe de volta todos os pertences de seu sobrinho Ló, e também os de Bera, rei de Sodoma, os quais haviam sido capturados em guerra anterior; de passagem por uma região próxima a Salém, (antigo nome de Jerusalém), o patriarca interrompeu a viagem para realizar um culto especial de gratidão, o qual foi dirigido por Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, e rei daquela cidade. É bom lembrar que Melquisedeque significa Rei de Justiça. Juntos, celebraram aquela sensacional conquista. Na cerimônia, os símbolos utilizados foram PÃO e VINHO, trazidos pelo sacerdote. Segundo o Salmo 104, vinho que nos alegra o coração, e pão que nos sustenta as forças. (E ainda faltou o azeite que dá brilho aos olhos!)
Abrão, reconhecendo que esta vitória foi obra do Deus Altíssimo, entregou o dízimo de tudo ao sacerdote do Deus altíssimo!!
Por essa descrição, aprendemos que a entrega dos dízimos deve ser feita a alguém que esteja a serviço do Deus Altíssimo e não a uma empresa cujos objetivos, como os de qualquer outra, é obter lucro para seus proprietários.
Em Malaquias, 3:8, a Bíblia afirma: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.” Aprendemos que todo aquêle que lança mão dos dízimos e ofertas em proveito próprio, está roubando a Deus. Abrão não ficou preocupado como Melquisedeque iria aplicar os recursos por ele recebidos, pois sabia que os havia entregue a alguém encarregado do serviço de Deus ! E, acima de tudo um REI DE JUSTIÇA ! Por tinha certeza que seriam utilizados para a Glória de Deus !

VII. COMO APLICAR OS DÍZIMOS?
A responsabilidade dos líderes responsáveis pela administração dos bens e valores de uma comunidade, é enorme!
Vejamos: na Bíblia, a única aplicação “visível” nos tempos do Velho Testamento era garantir o sustento da tribo dos levitas, cujos membros teriam seu tempo integralmente disponível para o serviço do SENHOR , pelo fato de não terem recebido herança, como as demais tribos, na distribuição da terra prometida. Todavia, não proíbe outro tipo de aplicação. Assim sendo podemos concluir: o dízimo é do SENHOR e deve ser aplicado no sustento da obra do SENHOR!

VIII. POR QUE A IGREJA PRIMITIVA DO NOVO TESTAMENTO NÃO ADOTOU O DÍZIMO COMO NORMA DE CONTRIBUIÇÃO?
A razão é que na visão daqueles irmãos, não apenas a décima parte do que eles tinham era do Senhor, mas tudo era do Senhor! Leia com atenção, no Velho Testamento, 1 Cr.29:1-21; Davi, rei de Israel, um homem segundo o coração de Deus, ao conclamar seu povo à contribuição para a construção do templo, já possuía esta visão: tudo pertence a Deus; na sua oração (vs.14), ele declara: “tudo vem de ti,[SENHOR] e das tuas mãos to damos !!” pois bem, a igreja primitiva herdou este conceito. Vale a pena ler em Atos, 4:32-37; destacamos: no vs.32, “ninguém considerava exclusivamente sua, nenhuma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum (!!);  no vs. 34: “pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos”. A graça de Deus era uma sublime realidade entre os nossos primeiros irmãos em Cristo!! Uma autêntica comunidade !!

   

IX. MAIS UMA PERGUNTINHA:
“e os levitas, que não possuíam herança, não faziam colheitas, não precisavam dizimar!? Como não!? Consideremos a instrução do SENHOR, cf. o registro de Números, 18:26,27:- “Também falarás aos levitas e lhes dirás: quando receberdes os dízimos da parte dos filhos de Israel, que vos dei por herança, deles apresentareis uma oferta ao SENHOR: O DÍZIMO DOS DÍZIMOS.  Atribuir-se-vos-á à vossa oferta como se fosse grão da eira e plenitude do lagar”.
 

X.EFEITOS COLATERAIS DO DÍZIMO:
na vida cristã, tornar-se dizimista, é, sem dúvida, uma excelente decisão. Como já foi demonstrado, por essa prática tornam-se iguais TODAS as contribuições. Todavia, pode provocar o aparecimento de algumas situações que não cooperam para a boa harmonia desenvolvimento espiritual da igreja. Por exemplo:


1.Pode criar uma constrangedora “classificação” do seus membros em dizimistas e não dizimistas. Imaginemos um pastor falando a um grupo de sua igreja: “levantem a mão os irmãos dizimistas (!!)”


2.Pode criar uma sensação de “superioridade” no dizimista. Leia Lc.18:10-14; nesse relato temos um ótimo exemplo: o fariseu  frente ao publicano: . . . “dou o dízimo de tudo quanto ganho(!!)”.


3.Um dizimista, pode facilmente cair no “legalismo”; ouvi dizer de um pastor que, ao receber um presente fazia questão de saber o preço, para que pudesse recolher o dízimo aos cofres da igreja (!?). Jesus criticou os fariseus que dizimavam a hortelã, o endro e o cominho . . . cf. Mt.23:23.


4.Ou poderá cair na armadilha de estar “negociando” com Deus; É muito interessante o exemplo de Jacó, cf. Gn. 28:20-22.. . “e, de tudo o que me deres, certamente te darei o dízimo (!?)”.


5.Além de correr o perigo de tornar-se infiel na entrega do dízimo. A Bíblia ensina, cf. Eclesiastes, 5:4,5:-“ Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo, porque Deus não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes, que votes e não cumpras.


XI.CONSIDERAÇÕES FINAIS:
- Ótima coisa é adotarmos a Bíblia, como nossa regra de fé. Muito do que ela diz, só entenderemos na eternidade; mas assim como, mesmo não entendendo como funciona o aparelho de televisão podemos desfrutar do lazer que ele nos proporciona, igualmente podemos aproveitar os ensinamentos da Bíblia, que é a Palavra de Deus, para caminharmos neste mundo segundo a sua soberana vontade! Amém!



                                                 Humildemente, Pr. Antônio Marçal

Um comentário:

  1. Olá pastor Marçal.
    obrigado por compartilhar conosco aquilo que o Senhor tem falado ao teu coração.

    de fato, o tema "dízimo" é muito importante para todos aqueles que desejam estreitar seu relacionamento com o Deus Altíssimo revelado na Bíblia.

    o tema também não deixa de ser muito controvertido e carente de boas fontes de estudo, pois muitos o tem desvirtuado.

    acontece, porém, que o abuso por parte de alguns nunca justificará a postura de outros consistente em não devolverem o dízimo de seus rendimentos a Deus. Aliás, quem não está disposto a entregar sequer a mínima parcela do dízimo, muito menos estará disposto a entregar toda a sua vida, com tudo o que possui e é, ao Deus Vivo. Nesse sentido, a lei do dízimo seria um minus correspondente ao princípio expresso em Rm 12.1,2. O senhor concorda?

    Outra coisa, pastor, há um texto, na internte, de autoria do Caio Fábio (http://holofote.net/2009/11/01/caio-fabio-%E2%80%9Cnao-entregue-o-seu-dizimo-para-nenhuma-igreja-quem-disser-que-voce-esta-em-pecado-esta-mentindo-e-realizando-uma-manipulacao-diabolica%E2%80%9D/),
    afirmando que não devemos tomar como base o texto de Malaquias quando o assunto for dízimo, exatamente porque se tratava de mecanismo criado para o sustento dos levíticos. Deus teria criado o dízimo para o regime da lei. Agora, no regime da Graça, portanto, não deveríamos mais levar nossos dízimos a igreja. Ele foi metralhado por dizer isso rsrsrsr.

    Fica um pedido, caro pastor, para o senhor nos brindar com um estudo a respeito da OFERTA, que é, ao que parece, biblicamente tão importante quanto ao dízimo (Mq 3.8).

    Tudo de bom,
    é só crer e buscar,
    que o final é de Glória.
    cleber & Lara

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